quinta-feira, 13 de maio de 2010

Quarta semana

Na segunda-feira, por ser dia de Geografia, comecei a trabalhar com os alunos a maquete da escola. Como eles precisariam compreender bem o que deveria ser feito, resolvi colocar a maquete primeiro em forma de desenho. Por isso utilizei de forma simples o quadro e giz, fazendo o desenho vista aérea da escola com a ajuda de todos.
Essa parte foi essencial para que houvesse uma organização e um bom planejamento de ação. Cada um sabia exatamente o que iria fazer, e isso eles deixaram bem claro por determinarem as tarefas e começarem com bastante autonomia o processo de confecção dos espaços físicos da escola. Essa tarefa envolveu todos os alunos por uma manhã inteira. E essa maquete não foi feita em grupos, ou seja, cada grupo faria uma. Não, na verdade o grande grupo faria somente uma maquete, mas todos deveriam contribuir com suas ideias e também mão de obra.




















A estrutura de quase toda a maquete estava pronta, faltava somente a quadra esportiva e a pracinha, que demoraram mais para ficarem prontas. As árvores também ficaram por último.

A grande e única dificuldade que observei durante o processo, foi de que eles tinham uma dificuldade de executar a maquete, porque confundiam o tamanho de prédios e de itens que compunham o cenário, daí a demora de conclusão da maquete. Mas com a ajuda de raciocínio lógico e observações da planta alta no quadro, aos poucos foram percebendo que não poderiam fazer certas coisas maiores do que outras. O resultado foi muito bom.

No outro dia, fizemos então, o seminário a respeito das questões que as crianças escolheram para perguntar aos familiares. O que me deixou muito curiosa foi o fato de quase todos falarem a respeito do mesmo assunto, quando foram formular seus questionário. A pergunta que circulou entre quase todos era se os pais gostariam de fazer parte de outra família, ou se eles se arrependeram de terem tido filhos.
Claro que não perdi tempo e com muita sutileza comecei a indagar o porquê de sua curiosidade em saber isso, aliada às respostas dos pais. A maioria disse que os pais não se arrependeram de nada, mas sempre tendo alguns poréns, como por exemplo, alguns pais disseram que não se arrependiam de nada, mas se fosse voltar no tempo, não teriam filhos. Coisas assim. Depois de termos falado a respeito das perguntas e das respostas, solicitei que falassem a respeito da experiência de terem elaborado perguntas para fazerem a pessoas que geralmente conversam com bastante intimidade, e os motivos de terem escolhido tais perguntas. As respostas foram as mais variadas, desde aquelas que diziam que já sabiam a resposta, até àquelas que não esperavam aquela resposta, embora tenham entendido e aceitado "numa boa". Senti, ao finalizar as conversas, que alguns tinham grandes ressentimentos, muitas frustrações e ainda muitas dúvidas sobre sua família, ou se a sua era realmente uma família. Então fiz a proposta de vermos o filme " A família do futuro", que retrata um pouco de futurismo, mas recheado de situações que acontecem em todas as famílias.

A proposta no dia seguinte, foi a de que imaginassem como seria a família ideal e colocassem esta família no papel, tanto com imagens quanto com palavras. Todos resolveram primeiro fazer desenhos, ficaram um bom tempo desenhando. Coloquei uma música básica de fundo para que refletissem, relaxassem mais. Depois, cada um escreveria o que quisesse, uma frase, ou um texto ou até mesmo um acróstico da família. Ficou muito bom, prometi que faria uma exposição das gravuras na próxima semana.


A importância da família para a formação de cidadãos conscientes.

A família deve ser a principal responsável pela formação da consciência cidadã do jovem e também apoio importante no processo de adaptação das crianças para a vida em sociedade. Uma boa educação dentro de casa garante uma base mais sólida e segura no contato com as adversidades culturais e sociais, características do período de amadurecimento. A ausência familiar gera graves consequências na formação, alimentando valores egocêntricos, que levam os mais jovens ao mundo do vício e das futilidades.

No entanto, desde o início do processo de industrialização, a sociedade passa por transformações que resultam em uma postura cada vez mais individualista por parte da maioria da população jovem. O ingresso da mulher no mercado de trabalho diminuiu o tempo disponível para a dedicação aos filhos daquela que, antes, só se dedicava quase que exclusivamente à formação das crianças.
O educador Antônio Carlos Gomes da Costa, um dos idealizadores do Estatuto da Criança e do Adolescente, declara que a partir do momento em que as crianças ficam soltas na comunidade e entregues às diversões eletrônicas, há uma perda de referência em relação aos valores considerados importantes para o desenvolvimento de uma base sólida. Porém, segundo ele, não basta apenas estar presente, é preciso saber educar de forma correta. “O problema, a meu ver, não é o tempo que os pais passam com os filhos. O desafio está na qualidade dessa convivência, que deve ser marcada por um forte componente de presença educativa”, diz Costa.
O educador ainda afirma que, no Brasil, a ausência dos pais na formação dos filhos é algo recorrente. “Existem muitos educadores familiares que não são pais biológicos das crianças sob sua responsabilidade”, revela.
O pouco contato com os pais durante o dia-a-dia faz com que a responsabilidade do ensino básico da criança fique delegada à escola. Se, antes, a escola desempenhava a ação de educadora profissional, hoje, muitas vezes, desenvolve tambémo papel de primeira formadora da consciência cidadã dos jovens.
Quando a família não dispõe de tempo ou condições para dar a base afetiva e educadora à criança, além de iniciar a vida escolar de forma bastante fragilizada, ela pode desenvolver carências que vão além do âmbito escolar. A psicopedagoga Clélia Estil, diretora da Associação Nacional de Dislexia (AND), afirma que a falta de base familiar traz diversos efeitos negativos para a formação dos filhos. “Crianças sem base afetiva estável carregam consigo medos e incertezas sobre suas possibilidades de aprender, que se manifestam como vínculos negativos com a aprendizagem”.
A escola é considerada a extensão da família e, trabalhando juntas, as duas instituições desempenham o papel de educadores. Muitas vezes, não é simplesmente a educação apenas que leva a criança a ter solidez e confiança naquilo que faz. Amor e atenção também são importantes. A especialista em psicopedagogia Sônia Küster considera a escola um espaço onde a criança pode ampliar suas relações sociais e diz que as atividades que envolvem a participação dos pais lá desenvolvidas geralmente têm boa repercussão no contexto educacional.
A omissão familiar faz parte da realidade mundial e, de acordo com Sônia, essa carência pode ser suprida com um bom clima relacional que depende muito mais da qualidade das relações do que do tempo que os pais e os filhos passam juntos. “Podemos nos fazer presentes por meio de telefonemas no meio da tarde, de bilhetes deixados em lugares estratégicos e de tarefas colaborativas para a dinâmica familiar”.

Ao realizar minhas pesquisas a respeito de família, encontrei essa reportagem no site
www.metodista.br , Espaço Cidadania - Universidade Metodista de São Paulo -, e não tive como retirar algumas partes dela, pois tudo o que gostaria de relatar e concluir estava ali escrito. Essa é a minha opinião e concordo com tudo o que foi citado acima. Ainda mais, contemplo todos os dias essas sitações, onde cada criança traz consigo sua bagagem por muitas vezes pesada demais, como uma aluna minha, que sua mãe a largou de mão beijada para sua tia, sem querer recebê-la de volta, e que hoje, aos 11 anos de idade, sofre de dores abdominais horríveis (dentro de sua imaginação), explicitando da maneira mais simples sua necessidade de atenção e carinho, coisas que não são supridas bens materiais, ou com uma morada, mas que são extremamente necessárias a todas as crianças.

Percebi que meus alunos, embora sintam-se por vezes solitários, sentem-se como parte de uma instituição, que é a família, pois em todas as suas falas, eles demonstraram isso. E isso me deixou muito feliz, mais feliz ainda quando recebi o seguinte comentário: "Pro, eu consegui falara com meu pai, que está sempre ocupadíssimo. Mas quando ele viu que o assunto era muito sério, prontamente largou tudo o que estava fazendo e me auxiliou, respondendo ao questionário. Fez ainda mais, conversou comigo a respeito das perguntas, perguntando qual era a minha opinião sobre o assunto. Fiquei super feliz."
Era isso que eu queria. E consegui