segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Comunicar-se é preciso.


Quando, pela primeira vez comecei a me relacionar com pessoas que apresentavam dificuldades auditivas e visuais, não tinha nenhuma noção de quanto era difícil para elas fazer parte de um sistema que somente colaborava e trabalhava visando ouvintes e videntes. De fato, havia muito pouco "que se fazer" para auxilia esses poucos "infelizes", era o que muitos pensavam.
Mas isso não foi o suficiente para desanimar ou abater todos aqueles que queriam ser mais, que queria ir além, que queriam fazer parte desse sistema, que queriam ser iguiais aos outros, mesmo que não houvesse nenhuma condição, eles se propunham a fazer a diferença.
Fazendo pesquisas na internet, realizei muitas leituras, descobri que existe até mesmo uma espécie de Orkut para surdos, mas que muitas pessoas ouvintes pedem para participar e conhecer um pouco mais sobre a cultura de pessoas que venceram muitas barreiras, inclusive e principalmente a da comunicação. Fiquei impressionada com uma fala que calou fundo em mim, porque resumiu todos os meus sentimentos relacionados a esse assunto. Diz:

"Somos notavelmente ignorantes a respeito da surdez, muito mais ignorantes do que um homem instruído teria sido em 1886 ou 1786. Ignorantes e indiferentes(...). Eu nada sabia a respeito da situação dos surdos, nem imaginava que ela pudesse lançar luz sobre tantos domínios, sobretudo o domínio da língua. Fiquei pasmo com o que aprendi sobre a história das pessoas surdas e os extraordinários desafios (lingüísticos) que elas enfrentam, e pasmo também ao tomar conhecimento de uma língua completamente visual, a língua de sinais, diferente em modo de minha própria língua, a falada. (...)"

Oliver Sacks


De fato, sentia-me muito mal por não conseguir me comunicar com pessoas que não podiam me ouvir. Mais mal ainda, por saber que eles conseguem expressar o que sentem, mas EU que não conseguia entender. Que crueldade. Então me sentia impotente, sem saber o que fazer.

Foi por isso que cresceu em mim uma vontade muito grande de aprender a falar a compreender o que outros falam em linguagem de sinais. Para tanto, passei a me relacionar mais com pessoas que, mesmo ouvintes, sabiam falar em libras.




Pesquisei ainda mais sobre o assunto, e concluí que seria o mínimo que poderia fazer para auxiliar tanto a mim, quanto a todas as pessoas que por ventura pudessem, de alguma forma, precisar de minha ajuda. Inclusive meus futuros alunos com necessidades educacionais especiais.
Está sendo uma façanha e tanto.